Como tudo começou, terminou e recomeçou.

Após inúmeras tentativas falhadas para emagrecer (e manter), depois de ter experimentado tudo que é dieta da moda, Tallón, Póvoas, Lev, Dieta da Seiva, Paleo, Atkins, Dieta dos 31 dias, João Bravo, Acumpuntura, Pedro Choy e sei lá eu mais o quê, decidi, há cerca de dois anos que a solução teria que ser outra.

Procurei ajuda com a minha médica de família, a médica mais maravilhosa do mundo. Como não estava assim com uma obesidade mórbida mas já a entrar na obesidade grau II (IMC 35), aconselhou-me a colocar a Banda Gástrica. Isto foi em Agosto de 2015, há exatamente dois anos.

Falei com o que me disseram ser o melhor cirurgião nessa área. A minha cirurgia de colocação da banda gástrica foi no dia 23 de novembro de 2015. Pesava 94 kg e 1,60 cm, ou seja tinha um IMC de 36,7 - Obesidade grau II.

Tudo correu mal no dia da Cirurgia, Mas isso fica para outra altura. Só para aguçar o apetite, digo que o médico não pôs os pés no Hospital e ninguém sabia dele. Estamos a falar de um Hospital privado. Eu estava a pagar a todos a peso de ouro para estar a ser operada.

A verdade é que a banda não funcionou comigo. Conseguia comer tudo o que me apetecesse na mesma, nunca ficava saciada e foi pior a emenda do que o soneto. Com muito custo comia pouco, estava constantemente com fome (e não era vontade de comer). A minha banda foi calibrada com todas as medidas possíveis. Conseguia comer tudo. Muitas vezes regurgitava constantemente mas depois descobri (a mente é tramada) que esses eram os alimentos que não "passavam". Pão fresco não passava, bacalhau não passava, cascas de fruta, entre outros. Depois descobri que conseguia comer tudo o que fosse crocante ou com molho: tostas, batatas fritas de pacote, pizza, risottos, arrozes malandros, francesinhas (inteiras, com aquele molho a escorregar) massas como lasanhas ou qualquer massa bolonhesa. E conseguia comer muito. Muito mesmo, como se não tivesse nada ali a impedir.

Emagreci com muito sacrifício 10 kg. Sacrifício porque comia as medidas que a nutricionista dizia para eu comer 100 ml de sopa, ou um iogurte líquido, etc. Mas aquilo passava tão rapidamente para o estômago que ficava com fome na mesma. Não era nada daquilo que me tinham "vendido". Ao longo do tempo não emagreci nada, estava sempre com fome e nunca saciada e começaram as asneiradas. O que me safou nessa altura (há cerca de um ano) foi o exercício físico. Na avaliação do ginásio não entendiam porque não emagrecia, com aquele exercício todo. Não emagrecia porque continuava a comer como se não tivesse banda e não cortei no álcool. Era verão, estava calor, continuavam as tainadas à beira mar, mais as jantaradas e as bebidas eram parte do dia a dia.

O meu novo médico, que começou a ser o meu cirurgião em janeiro de 2016, dizia para eu ter paciência, que iria emagrecer, não me mexia no volume da banda porque não queria que eu emagrecesse depressa para não ficar com peles ao dependuro. Ora, batatinhas!

Passou janeiro, fevereiro, março e abril e eu sem emagrecer nada e cheia de fome. Apertou-me pela primeira vez a banda na páscoa de 2016. A única coisa que fazia era vomitar porque não passava nada, nem àgua passava. Passou para outra medida. E eu continuava a conseguir comer. Não havia nenhuma medida que funcionasse (e o horrível que é fazer a calibração da banda, picadelas na barriga quase todas as semanas à procura do tubinho para encher/esvaziar a banda). Mais, o port magoava-me na roupa. Tinha que andar sempre com roupas mais largas para que o port não me incomodasse.

Depois das férias de verão do ano passado comecei a deprimir. Comecei a culpar-me. Como sempre me culpei. Que era uma fraca, que não tinha emenda. Que ía ser gorda para o resto da minha vida. Tudo o que tinha pensado para depois da cirurgia não se concretizou, não fiquei magra, não comprei roupas novas, ninguém reparava, não deixei a fluoxetina, gastei dinheiro, fiz um esforço emocional e financeiro enorme e tudo estava a ir pela água abaixo. Vivi dois ou três meses completamente perdida. A minha família vigiava tudo o que eu comia, davam palpites, "não comas isso", "tu não emagreces", "não tens emenda". Não estava a ser apoiada por ninguém.

Depois do Natal e Passagem de ano, no inicio de janeiro deste ano de 2017 tive consulta com a minha médica de família e contei-lhe o que se passava comigo. Ficou muito preocupada (alguém me entenda) dizia que a banda definitivamente não estava a funcionar comigo e que pelos vistos estava a acontecer com muita gente, mesmo doentes do mesmo centro de saúde do meu.

Mandou uma carta ao cirurgião a colocar a hipótese de se verificar se a banda estaria bem colocada e pediu-me para fazer nova endoscopia, análises, ecografia à tiróide e eletrocardiograma.

Em consulta com o médico entreguei a carta e os exames. Para minha surpresa ele continuava com o mesmo discurso de que eu tinha que ter paciência, pediu-me para cortar aos hidratos de carbono. Disse-me também para eu comer muita sopa para me sentir saciada. Ora bem, isto para mim foi completamente antagónico. Ora então eu coloco a banda para ficar saciada e sem fome e manda-me comer baldes de sopa até ficar sem fome??? Isto para mim não faz qualquer sentido.


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